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terça-feira, 30 de abril de 2013

Serpentes




Era esperta, uma cobra, persuasiva e perigosa. Veio sensualizando, sussurrando em meu ouvido e querendo chupar meu pênis. Promíscua! Queria mesmo era me manipular para encontrar respostas, descobrir segredos, desvendar mistérios, destruir vidas. Cismado que sou, percebi sua intenção antes que me rendesse ao desejo. Se fosse por instinto e não medisse a razão daria a ela exatamente o que queria.
Ela continuou subindo em cima de mim, tentando me masturbar, e me disse que nunca eu encontraria uma língua tão hábil quanto à dela, ou útero tão quente. Não aguentei, e agora que havia racionalizado tudo, me rendi. Gozei como nunca, tremi, e urrei como urso. E ela ficou esperando o troco, que eu lhe contasse o segredo, mas eu simplesmente subi a calça, vesti a camisa, calcei o tênis e saí.
Ouvi-a me acusar de guardião de memórias e me atribuir outros sinônimos mais. Tinha uma boca bem porca, mas, no final das contas não era tão perigosa, nem esperta quanto pensei. Melhor que ninguém deveria saber que é da natureza do homem agir por conveniência, ser manipulador e persuasivo, tal qual a cobra.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Contando estrelas


E ficou ali parado, olhando o céu, de noite, no sereno, na companhia de si mesmo. Despedindo-se do domingo. Capaz que havia contado estrelas. Tinha uma verruga no dedo!

sábado, 20 de abril de 2013

Abandono


E fiquei esperando no banco da praça enquanto papai sumia na esquina. Disse que voltaria logo, só iria ali comprar cigarro, pra ele, pão e leite pra mamãe e eu.
Era à tardinha e um belo crepúsculo enfeitava o céu.  Misturei-me às cores, e não sei, não sei se anoiteceu ou se fui eu quem fechou os olhos e acabou por adormecer. Só sei que uma mão me sacudiu, então, despertei. O rosto não me era familiar, um estranho, não restou dúvidas. Ele só quis me alertar dos perigos que circulavam a praça enquanto noite, depois foi embora, e eu também, é que papai não voltou.
Tive que amadurecer depressa para comprar leite e pão para mamãe e eu, ou a vida me atropelaria. Mamãe coitada estava ainda mais enferma. Eu quase não dormia, só fazendo bicos pro gasto dos remédios. E todos os dias era a mesma peleja, mas, sempre passava por aquela praça. Um dia vi o homem que sumiu na esquina, fui até lá e ele me pediu cigarro.Atendi seu pedido. Depois disso, nunca mais o vi, deve ter morrido de câncer, perecido num banco de praça qualquer.
Não guardo rancores, ao menos me deu um presente; Fez-me contemplar um dos mais belos crepúsculos que vi na vida!