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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Carta aos avós

Senhora, se você observar bem, perceberá as minhas unhas roídas e os meus dedos feridos. Isso senhora é ansiedade e às vezes medo.
Senhor, se você prestar bastante atenção saberá que temo sempre uma má palavra ou uma má interpretação sua.
Senhora, quando você passa por mim e começa a sussurrar, saiba que um frio percorre minha espinha e vai até a nuca e me faz rezar para que você não esbraveje comigo, mesmo quando não lhe dou motivos.
Senhor, quando eu baixo o volume do som saiba que é porque espero que você venha me dizer como as músicas que ouço são ruins e como estou lhe incomodando.
Senhora, quando você me olha e saí sem me dirigir a palavra, eu entendo isso como um sinal de desaprovação por algo que fiz, mas, não sei o que fazer por que não percebo o que provocara a sua reação.
Senhor, todas as vezes que você me julga pelos trabalhos que desenvolvo com relação a arte saiba que está matando os meus sonhos e ainda me faz evocar imagens de uma enxada, machado, serra, serrote, lenha, carvão ou outro trabalho mais sofrido que tenha feito.
Senhora, cuidado com as suas palavras, e com o seu silêncio...
Senhor, cuidado com a sua arrogância, e com a sua ignorância...
Senhores, sempre que vocês me negam as chaves de casa, estão me dizendo que não confiam em mim, que sou um desconhecido, ou, algo pior...
Senhores se vocês olharem bem para aquela direção e voltarem suas lembranças para o passado, dezenove anos atrás, perceberão que me viram crescer bem debaixo de seu teto, que me deram educação, dignidade, honestidade, humildade, humanidade, me deram índole, e que por isso, não têm motivos para desconfiarem de mim.
Senhores se vocês têm consciência e acreditam que me ensinaram tudo o que puderam e mais um pouco, fiquem tranquilos... Tenham paciência, pois eu não sou um estranho, e menos ainda... Estranho
Senhora, eu sinto muito por não conseguir fazer o café no ponto em que você gosta.
Senhor, eu peço que me desculpe por não ter o emprego que você idealiza para mim.
Vô,
Vó.
Faz algum tempo que passei da puberdade e outro tempo mais que deixei de ser criança.
Vó,
Vô.                                                                                                           

Eu... Já tô na faculdade!

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Suplício de um coração doente





Está presa na garganta, e eu
Esqueci-me de avisar.
Tranquei as portas, e o choro
Está preso.
E os olhos, estão secos.
E a mágoa...
Fria como um prato de sopa,
Que ninguém ousa tocar!
A chave está perdida.
Atirei-a com todas as forças,
No deserto mais inóspito que conheço,
Com pesar, e lástima,
Seu coração.
Minha vida passa e atropela,
Feito trem descarrilado,
Meus anseios e sonhos de rapaz casto.
Enquanto sua genitália continua
A implorar, por canalhas
Que a possuam.
E quando penso sobre tudo,
Todas as promessas feitas,
A casa, nós dois na varanda,
Os filhos no jardim,
E o sorriso em nossos lábios
Contemplando a beleza da cena,
Lembro também da vida
Clandestina, do amor
Não correspondido e da mentira
Que resseca a boca e prende

A angústia... Na garganta.