Sua
prece, fora para que se livrasse de todo mal. E seu pedido fora efetivamente atendido.
Agora, estaria ungido pelo manto protetor divino, daí, nada mais o perturbaria
e então ele poderia seguir em linha reta pelos caminhos que lhe aprouvessem e
que o senhor aprovasse. Assim
acreditava!
Obteve
sucessos. Em tudo se encaixava. Sem conflitos existenciais, sem limitações
profissionais, e sem quaisquer outros transtornos e ou distúrbios, desses que
definem uma personalidade. Alçava voos altos e planava pela distância que fosse
e desejasse. Só aterrissava quando o território lhe interessava. Quando sentia
solidez e fertilidade na terra. Duvidas nunca lhe ocorriam. De início tudo era
certeza.
Seus
gostos nunca ficavam entre o exótico, fosse à culinária, e o desconhecido
mesmo, fosse a viagens. Planejamentos
eram descartados, sempre voltava ao mesmo país, à mesma cidade, ao mesmo hotel,
à mesma praia, e se descansava, do mesmo cansaço.
A
palavra “amigo” se restringia a vizinhos, passantes pelas calçadas, e colegas
de trabalho.
Sentiu
que ainda não estava suficientemente próximo do céu e resolveu dar nova
interpretação ao que se referia simplicidade. Abdicou dos sucessos e das
viagens.
Passou
a viver em condições miseráveis, logo, os conflitos existenciais apareceram.
Por falta de personalidade não conseguiu combater os distúrbios que agora
preenchiam seu físico, sua mente. A terra lhe parecia insólita e nada fértil.
Em
baixo de um enorme arranha céu, alucinou. Começou a escalar. Escada após
escada, andar após andar, se lamentava. Sua consciência veio num átimo de
segundo e um filme lhe ocorreu. Do alto de sua privação estendeu as mãos
tentando alcançar seu objetivo, mas, os sentidos lhe escaparam. Nos créditos
finais, focalizou uma frase; _ “O importante na vida é viver!”.
Tentou
se agarrar às últimas palavras, mas já estava caindo, caindo, caindo...