E fiquei
esperando no banco da praça enquanto papai sumia na esquina. Disse que voltaria
logo, só iria ali comprar cigarro, pra ele, pão e leite pra mamãe e eu.
Era à tardinha e
um belo crepúsculo enfeitava o céu. Misturei-me
às cores, e não sei, não sei se anoiteceu ou se fui eu quem fechou os olhos e
acabou por adormecer. Só sei que uma mão me sacudiu, então, despertei. O rosto
não me era familiar, um estranho, não restou dúvidas. Ele só quis me alertar
dos perigos que circulavam a praça enquanto noite, depois foi embora, e eu
também, é que papai não voltou.
Tive que
amadurecer depressa para comprar leite e pão para mamãe e eu, ou a vida me
atropelaria. Mamãe coitada estava ainda mais enferma. Eu quase não dormia, só
fazendo bicos pro gasto dos remédios. E todos os dias era a mesma peleja, mas,
sempre passava por aquela praça. Um dia vi o homem que sumiu na esquina, fui
até lá e ele me pediu cigarro.Atendi seu pedido. Depois disso, nunca mais o vi,
deve ter morrido de câncer, perecido num banco de praça qualquer.
Não guardo
rancores, ao menos me deu um presente; Fez-me contemplar um dos mais belos
crepúsculos que vi na vida!
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