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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Um recruta, um outro desejo e uma tragédia


A carta dizia que ele fora elencado para atuar. Seu semblante tomou mil e uma formas, nunca pensara em atuar naquele papel, nunca fora o drama que pretendia viver, nem em seus mínimos interesses.
Lembrou-se bem do dia em que tirou sua carteira de reservista, pouco mais que três semanas, e seu choro fora reprimido pela falta de opção.
Comunicou aos parentes sobre o recrutamento.
Lágrimas de contragosto encheram os olhos de sua mãe. Não quis contestar o fato para não dificultar inda mais as circunstâncias, apenas iria e serviria ao exército.
Aprontou suas malas e não se esqueceu de rechiá-las com bons livros, Memórias de um Sargento de Milícias, Dom Casmurro, e outros mais... Sua atenção voltou-se para o título “A droga da obediência” depois ignorou a ironia.
A vontade de atuar profissionalmente para ganhar a vida, não morreria. Assistiu mais algumas vezes ao filme Anápolis, estudou o personagem central para pegar os seus três - jeitos  e aplicá-los como meio de sobrevivência, sua arte prevaleceria sempre.
Outros dias mais se passaram e então chegou a hora de sua partida, nesse momento se deu conta de que as preces não adiantaram, nem mesmo as promessas de sua mãe.
Alguns adereços foram entregues a ele, como um crucifixo que fora pendurado em seu pescoço. Sua bisavó aproximou-se pouco mais para ofertar-lhe um abraço e aproveitando o momento terno e tenso, colocou alguma coisa no bolso do garoto.
Alguns metros depois do embarque, ele apresentou curiosidade pelo que sua bisa havia lhe dado, não conferiu antes o material a pedido.
Explorou o pequeno frasco, mínimo, como de amostras grátis de perfume.
Pensou sobre o que poderia ser, pesou pouco mais, e pouco mais e mais. Lembrou-se de como sua bisa sempre o apoiara, diferente de todos, mesmo afastados ela se preocupou em ajudá-lo.
Sofreu um insight e entendeu a mensagem, abriu o frasco e levou-o à boca.
Antes que seus sentidos se desligassem o telefone celular tocou.
_Esqueci de perguntar como você quer se chamar nessa outra vida.
Ele sorriu com tom zombeteiro de sua avó; Por fim, respondeu:
_Miguel.
_Perfeitamente.
A linha caiu, o celular caiu, o corpo de “Miguel “caiu.
Outro personagem viria, no final das contas conseguiu escapar, fora mandado de volta para a família.
Morto algum serviria ao exército.

Um comentário:

  1. Fiquei curioso para chegar até o fim do conto, mas não sei bem o q pensar dele...

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