A
carta dizia que ele fora elencado para atuar. Seu semblante tomou mil e uma
formas, nunca pensara em atuar naquele papel, nunca fora o drama que pretendia
viver, nem em seus mínimos interesses.
Lembrou-se
bem do dia em que tirou sua carteira de reservista, pouco mais que três
semanas, e seu choro fora reprimido pela falta de opção.
Comunicou
aos parentes sobre o recrutamento.
Lágrimas
de contragosto encheram os olhos de sua mãe. Não quis contestar o fato para não
dificultar inda mais as circunstâncias, apenas iria e serviria ao exército.
Aprontou
suas malas e não se esqueceu de rechiá-las com bons livros, Memórias de um
Sargento de Milícias, Dom Casmurro, e outros mais... Sua atenção voltou-se para
o título “A droga da obediência” depois ignorou a ironia.
A
vontade de atuar profissionalmente para ganhar a vida, não morreria. Assistiu
mais algumas vezes ao filme Anápolis, estudou o personagem central para pegar
os seus três - jeitos e aplicá-los como
meio de sobrevivência, sua arte prevaleceria sempre.
Outros
dias mais se passaram e então chegou a hora de sua partida, nesse momento se
deu conta de que as preces não adiantaram, nem mesmo as promessas de sua mãe.
Alguns
adereços foram entregues a ele, como um crucifixo que fora pendurado em seu
pescoço. Sua bisavó aproximou-se pouco mais para ofertar-lhe um abraço e
aproveitando o momento terno e tenso, colocou alguma coisa no bolso do garoto.
Alguns
metros depois do embarque, ele apresentou curiosidade pelo que sua bisa havia
lhe dado, não conferiu antes o material a pedido.
Explorou
o pequeno frasco, mínimo, como de amostras grátis de perfume.
Pensou
sobre o que poderia ser, pesou pouco mais, e pouco mais e mais. Lembrou-se de
como sua bisa sempre o apoiara, diferente de todos, mesmo afastados ela se
preocupou em ajudá-lo.
Sofreu
um insight e entendeu a mensagem, abriu o frasco e levou-o à boca.
Antes
que seus sentidos se desligassem o telefone celular tocou.
_Esqueci
de perguntar como você quer se chamar nessa outra vida.
Ele
sorriu com tom zombeteiro de sua avó; Por fim, respondeu:
_Miguel.
_Perfeitamente.
A
linha caiu, o celular caiu, o corpo de “Miguel “caiu.
Outro
personagem viria, no final das contas conseguiu escapar, fora mandado de volta
para a família.
Morto
algum serviria ao exército.
Fiquei curioso para chegar até o fim do conto, mas não sei bem o q pensar dele...
ResponderExcluir