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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Um minuto de silêncio.




E pegou o lápis e pôs-se a escrever:

Estou decepcionado comigo mesmo. Minha falta de coragem é a prisão de minh'alma, é a condenação de minha falta de atitude, o cárcere de minha existência. Pior ainda. É a ineficiência de meu ser.
Tão breve eu parta, para o raio que parta, nenhuma falta será sentida. Nenhuma ausência será notada, nenhuma memória será retida.
Por qual motivo nasci? 
Se é que estive vivo. Por qual motivo existi?
Quais propósitos cumpri?
Que marcas ou influências deixei?
A quem pergunto? Não sei.
Por que pergunto? Não sei.
Como pergunto? Não sei. 
Defunto, não escreve. Pouco pensa. Nada sente. Apenas passa.

E os pais choraram a culpa por não terem observado, os passos e traumas do filho. Estavam sempre ocupados com as finanças. Pouparam a vida toda. Diálogos, dúvidas, conselhos e afagos. 
Sobre o dom do filho, a tragédia se encarregou de mostrar. Tinha o dom das palavras, mas para poeta não para advogado.
Ao menos tiveram a dignidade de manter o epitáfio, mesmo sabendo que aquelas perguntas seriam o lamento e o fantasma de suas vidas.

4 comentários:

  1. Eu estava comentando no blog de uma amiga o quanto você evoluiu...No começo tinha todo um tom adolecente, comercial...Eu via um certo potencial, e lia algumas coisas interessantes...Hoje em dia eu fico pasmo com a maturidade com que escreve...Você encontrou seu estilo!Parabéns meu amigo!Eu posso ter acreditado, e dado um incentivo, mas o talento é todo...todinho seu!
    Abração!

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  2. Oi,

    Tirei a madrugada para desvendar blogs que me visitam e aqui estou eu, diante de um texto que li, reli e trili, mesmo assim, não passou a vontade de ler mais. Não sabia seu nome, honestamente, não me importa. Acho que é Hériton, se for muito prazer. O incrível é descobrir tamanha maturidade, nem sei como te contar de minha admiração.
    O que sei é que escreve lindamente bem.
    Parabéns, de coração.
    Dandara

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  3. "Estou infeliz e o meu sofrimento é um sorriso gentil" Beatriz G.
    Você descreve sua dor com tanto carinho e beleza! Lindo texto! Abraços.

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