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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Carta à Elisa Lucinda

Homenagem


Elisa Lucinda, a quanto te procuro. Lhe juro que morro de amores por ti. E me perdoe à falta de sensibilidade em não saber seu nome. Agora eu sei, é bem verdade, mas por muito tempo, antes de lhe encontrar de novo num maravilhoso blog de nome “Velhos Amigos”, eu não o sabia, e daí percebo que feliz coincidência. Tanto tempo no anonimato para mim, e tão íntimo me sinto de ti. Ah Elisa, na noite primeira em que te vi, senti o impacto de tua arma corporal e de sua alma energética. Suas palavras pervertidas e sábias transpassaram meu coração feito adaga, e eu sangrei, sangrei de amor e depois, quando me dei conta da anestesia de meu corpo pelos segundos que se foram e perdi você, de dor. A noite acabou e nem gravei seu nome. Mas lembrei de uma parte de seu poema no qual você falava alguma coisa sobre vaca e galinha. Pesquisei, criei calo nos dedos de tanto que te procurei amiga minha de Minh ‘alma, de meu prazer. Que gozo foi te encontrar no seu Aviso da Lua que menstrua. Lua bela, sangue arte, ardeu em meu corpo e eu sorri. Sem odor que me incomodasse. Só louvor, só louvor. Obrigado Deus, Obrigado, por ter encontrado tamanha beldade, tamanho colosso. Elisa Lucinda, Óh Elisa. Querida amiga de Minh ‘alma. Eu li tanto, por ti, para ter inspiração na esperança de te encontrar para lhe dizer lindas e justas palavras ao jus de sua magnitude, mas agora que posso e sei seu nome, só consigo dizer-te;_ Te amo. Mais nada.

Pensamentos

Amigos?

E nesse exercício de indiretas e brincadeiras eu começo a repensar as amizades.

Não apaguem as velas.

A terra é um enorme bolo de aniversário, por isso tantas guerras acontecidas -e tenho medo das que viram- então, não apaguem as velas. Todos querem o primeiro pedaço!

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Carta para Pedro




Pedro,
Eu não tenho um carro do ano. Não tenho um carro velho. Nem mesmo um fusca. Pedro, eu não tenho carro.
Eu não tenho um relógio de ouro. Não tenho um relógio comum.  Pedro, eu não tenho relógio.
Eu não tenho uma calça jeans estilosa. Não tenho uma calça de jeans velha. Eu não tenho uma calça Jeans. Pedro, eu não tenho calça.
Eu não tenho um tênis de marca. Não tenho um tênis genérico. Pedro eu não tenho tênis.
Eu não tenho lençóis caros, de seda. Não tenho lençóis simples. Não tenho lençóis velhos. Pedro, eu não tenho lençóis.
Eu não tenho travesseiros de plumas. Não tenho travesseiros de espuma. Nem se quer de pedra. Pedro, eu não tenho travesseiros.
Eu não tenho uma cama luxuosa. Não tenho uma cama modesta. Pedro, eu não tenho cama.
Eu não tenho casa. Não tenho casebre. Eu não tenho se quer uma choupana. Pedro, eu não tenho casa.
Pedro,
Eu não sou Organismo. Não sou sistema. Não sou órgão. Não sou tecido. Não sou célula. Não sou molécula. Nem se quer sou átomo. Pedro, eu não sou matéria.
Pedro, eu deveria ser sua Ética. Sua moral. Sua consciência. Eu devia ser sua alma.
De que vale a alma?
Você se esqueceu de viver, se esqueceu de ser, preocupou-se de mais em ter, se esqueceu de mim e me mandou embora.
Pedro, diga a seus pais. Diga a seus irmãos. Diga a seus parentes. Pedro, diga a seus amigos, tudo o que eu te disse.


sábado, 20 de outubro de 2012

O rei e o Sábio



Pensou em cem mil homens, para começar. Depois se preciso, enviaria outros cem. 
Mandou que chamassem um velho, o qual, era visto como sábio, para consultar-lhe o número exato de soldados precisos para a batalha.
Das armas que tinha, poderia escolher uma apenas, e cem mil homens não seriam necessários. E o sábio soprou-lhe ao ouvido;
_ Escolha a arma mais leve, e certeira.
Em meio ao embate, não poderia facilitar para o inimigo. Desconsiderou. Não conseguia pensar em nada além de espadas, lanças, escudos e cem mil homens. Algo que fosse tão leve não seria em nada útil, menos ainda conseguiria executar um golpe certeiro. 
Atirou as palavras que lhe vieram à mente contra o sábio;
_ A vida é pesada demais para ser garantida com leveza. Se você é velho de mais de forma que não consiga erguer uma espada, não sobreviverá nesse mundo.
O sábio, então, simulou uma agonia. Procurou por ar, e se apoiou na parede atrás, depois, restou-lhe o chão no qual se debateu até uma suposta morte.
Para desespero do rei, um dos soldados, que fazia frente ao seu exército exigido, viera lhe por a par da situação.
_ Senhor! Um enorme exército, no qual creio ultrapassar seus cem mil homens, se aproxima, e sinto lhe dizer que não temos mais soldados para servir ao nosso.
Cada palavra proferida pelo soldado transpassara o coração do rei, e o mesmo empalideceu.
Imponente, correu até o velho sábio, esquecido no canto da sala, e ordenou que esse não tivesse morrido, pois precisava de seus conselhos.
O sábio, então, soltou o ar que continha e repetiu as palavras que havia dito antes. 
Mas o rei não compreendia. Ordenou ao soldado que trajasse todos os homens e crianças do reino para que lutassem por ele.
_ Mas, senhor, todos morreram e então não restará mais reino.
O rei se debatia em desespero. Recorreu novamente ao sábio, mas, tudo que ouviu já lhe havia sido dito.
_ Que arma é essa? Que arma tão leve e certeira seria capaz de derrotar um exército superior ao meu de cem mil homens?
Vociferava contra o velho, em absurdos e humilhações.
E cada tom de voz que o rei subia, o velho se agonizava. Então, o rei percebeu o efeito que suas palavras causavam ao sábio era o mesmo que as do soldado lhe causavam. Conseguiu então compreender a metáfora.
Mas agora seria tarde para um diálogo de entendimento, o reino inimigo já estava à frente para o ataque e não parariam para ouvi-lo.
Consultou novamente ao sábio e o mesmo lhe disse que palavras nem sempre eram proferidas, bastava-lhe um único gesto e que deveria partir de um único homem.
O rei, então, retirou sua armadura e agradeceu ao sábio. Depois, foi até a janela da torre mais alta hastear bandeira branca.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Canção de Revolta


Eu o vi se aproximar.
Eu ouvi seu grito quando ele caiu,
do precipício.
Por que ninguém o ajudou a viver?
Ordinários,
falsos.
Esses inquebráveis corações
o mutilaram.
Quem se atreveu?
Ninguém.
Nem mesmo eu
o dono da vida.
Quanta determinação.
Quanta falta de persistência.
Quantas lutas travou?!
Ninguém sabe.
Quem é ele?
Era alguém. Agora,
ninguém.
Eu o vi se aproximar. 
E eu ouvi seu grito quando ele caiu,
do precipício.
Agora jaz morto no rio, por que
ninguém se atreveu.
Nem mesmo eu o dono da vida.
A ajudá-lo.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Detalhes


A promessa que fica.
A palavra não cumprida.
Detalhes que passam,
a ferida que não fecha.

A idade esquecida.
O rosto enrugado.
O espelho que trai
as cicatrizes da ferida.

A morte na vida,
O tempo passado.
O presente não vivido.
O futuro indesejado,
e a ferida que não fecha.

A porta entreaberta.
O medo que entra,
e há quem não esqueça
as cicatrizes da ferida.

Um corte profundo.
No fundo da alma.
Os detalhes não vistos
pelo autor da promessa.

Detalhes que passam.
Destelhes que ficam.
Detalhes que mudam,
uma vida.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Um mal navegante.




O barco seguia à deriva.
Um pássaro cortou o céu acima e pelo corte Deus encarregou-se de derramar sentimentos sobre o navegante perdido.
Não se conteve e caiu no choro. Não se deu conta de que o barco pesava a cada recordação.  Insistia em desenterrar sua agonia.
Se encontrasse a raiz de sua fraqueza talvez tivesse uma chance de ser bem sucedido em sua vida profissional, social e pessoal.
E ficou na procura insana de conflitos do passado sem notar que seu presente levaria embora qualquer chance de futuro enquanto a mente não digerisse a depressão.
Seus soluços entregavam a fraqueza, a falta de perseverança, e sua eminente derrocada.
Então se misturam; Lágrimas e Mar.
Em seu último discurso, projetou sua culpa e lamuriou a falta de Deus.