Pensou em cem mil homens, para começar.
Depois se preciso, enviaria outros cem.
Mandou que chamassem um velho, o qual, era
visto como sábio, para consultar-lhe o número exato de soldados precisos para a
batalha.
Das armas que tinha, poderia escolher uma
apenas, e cem mil homens não seriam necessários. E o sábio soprou-lhe ao
ouvido;
_ Escolha a arma mais leve, e certeira.
Em meio ao embate, não poderia facilitar
para o inimigo. Desconsiderou. Não conseguia pensar em nada além de espadas,
lanças, escudos e cem mil homens. Algo que fosse tão leve não seria em nada
útil, menos ainda conseguiria executar um golpe certeiro.
Atirou as palavras que lhe vieram à mente
contra o sábio;
_ A vida é pesada demais para ser
garantida com leveza. Se você é velho de mais de forma que não consiga erguer
uma espada, não sobreviverá nesse mundo.
O sábio, então, simulou uma agonia.
Procurou por ar, e se apoiou na parede atrás, depois, restou-lhe o chão no qual
se debateu até uma suposta morte.
Para desespero do rei, um dos soldados,
que fazia frente ao seu exército exigido, viera lhe por a par da situação.
_ Senhor! Um enorme exército, no qual
creio ultrapassar seus cem mil homens, se aproxima, e sinto lhe dizer que não
temos mais soldados para servir ao nosso.
Cada palavra proferida pelo soldado
transpassara o coração do rei, e o mesmo empalideceu.
Imponente, correu até o velho sábio,
esquecido no canto da sala, e ordenou que esse não tivesse morrido, pois
precisava de seus conselhos.
O sábio, então, soltou o ar que continha e
repetiu as palavras que havia dito antes.
Mas o rei não compreendia. Ordenou ao
soldado que trajasse todos os homens e crianças do reino para que lutassem por
ele.
_ Mas, senhor, todos morreram e então não
restará mais reino.
O rei se debatia em desespero. Recorreu
novamente ao sábio, mas, tudo que ouviu já lhe havia sido dito.
_ Que arma é essa? Que arma tão leve e
certeira seria capaz de derrotar um exército superior ao meu de cem mil homens?
Vociferava contra o velho, em absurdos e humilhações.
E cada tom de voz que o rei subia, o velho
se agonizava. Então, o rei percebeu o efeito que suas palavras causavam ao
sábio era o mesmo que as do soldado lhe causavam. Conseguiu então compreender a
metáfora.
Mas agora seria tarde para um diálogo de
entendimento, o reino inimigo já estava à frente para o ataque e não parariam
para ouvi-lo.
Consultou novamente ao sábio e o mesmo lhe
disse que palavras nem sempre eram proferidas, bastava-lhe um único gesto e que
deveria partir de um único homem.
O rei, então, retirou sua armadura e
agradeceu ao sábio. Depois, foi até a janela da torre mais alta hastear
bandeira branca.
E no final eu vi que estava sorrindo...Não sabia se era satisfação ou surpresa!Talvez ambos!
ResponderExcluirNão vou dizer mais nada, só deixar respeitosamente seu espaço...