Não quero mais essa alma velha,
Nem esse rosto falso.
Não quero mais esse riso pouco.
E essa mania que nem minha é!
Não quero mais espelho no quarto.
Tô com medo, Tô mudando.
Morar de aluguel é muito chato
E caro!
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segunda-feira, 30 de setembro de 2013
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
Noutro porto!
O garoto parecia entediado, e não era de se estranhar, pois, tudo o que tinha era sua escrivaninha, telas, e pinceis. Pintava o céu de roxo desbotado com nuvens vermelhas, e o mar cobria de negro. Acima dele pôs um arco-íris de três cores, branca, Bege e marrom.
Suas lágrimas enchiam o vazio daquele mar e então seus contornos tornavam-se peixes. Piranhas devoradoras de sonhos, à espreita, camufladas em negro oceano para matar o mais pífio sinal de esperança que surgisse. Não entendo o porquê, mas, teve a ideia absurda de navegar em meio ao perigo e puxou algumas linhas e criou um barquinho de papel. Talvez não fosse um grande artista plástico, e testando suas habilidades se perdeu. O mar que ele criara continha uma forte força gravitacional ou quem sabe fantasmas, demônios, ocultos desejavam explodir seus pulmões e leva-lo para um limbo ainda maior.
As piranhas se aproveitaram de sua fragilidade e vieram tratar de retalhar ainda mais sua carcaça. Era só o que lhes restava, pois, a alma do garoto havia sido pescada por um artista certamente mais talentoso e com vasta experiência de vida. Ao abrir os olhos, não vira escrivaninha, telas nem pinceis. O outro pescador havia jogado fora tudo que lembrava ao fraco garoto entediado de viver. O outro pescador, também havia retocado sua própria carcaça. O céu não era mais desbotado nem tampouco o mar era negro. Depois que entendeu, partiu, foi aportar noutra vida, qual soubesse compreender.
E enquanto a caravela sumia na imensidão, ouvi algumas palavras ecoando no infinito, era o garoto que gritava:_ Nunca mais limbo... Nunca mais limbo... Nunca mais limbo!
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Carta aos avós
Senhora, se você
observar bem, perceberá as minhas unhas roídas e os meus dedos feridos. Isso
senhora é ansiedade e às vezes medo.
Senhor, se você prestar
bastante atenção saberá que temo sempre uma má palavra ou uma má interpretação
sua.
Senhora, quando você
passa por mim e começa a sussurrar, saiba que um frio percorre minha espinha e
vai até a nuca e me faz rezar para que você não esbraveje comigo, mesmo quando
não lhe dou motivos.
Senhor, quando eu baixo
o volume do som saiba que é porque espero que você venha me dizer como as
músicas que ouço são ruins e como estou lhe incomodando.
Senhora, quando você me
olha e saí sem me dirigir a palavra, eu entendo isso como um sinal de
desaprovação por algo que fiz, mas, não sei o que fazer por que não percebo o que
provocara a sua reação.
Senhor, todas as vezes
que você me julga pelos trabalhos que desenvolvo com relação a arte saiba que
está matando os meus sonhos e ainda me faz evocar imagens de uma enxada,
machado, serra, serrote, lenha, carvão ou outro trabalho mais sofrido que tenha
feito.
Senhora, cuidado com as
suas palavras, e com o seu silêncio...
Senhor, cuidado com a
sua arrogância, e com a sua ignorância...
Senhores, sempre que
vocês me negam as chaves de casa, estão me dizendo que não confiam em mim, que
sou um desconhecido, ou, algo pior...
Senhores se vocês
olharem bem para aquela direção e voltarem suas lembranças para o passado,
dezenove anos atrás, perceberão que me viram crescer bem debaixo de seu teto,
que me deram educação, dignidade, honestidade, humildade, humanidade, me deram
índole, e que por isso, não têm motivos para desconfiarem de mim.
Senhores se vocês têm
consciência e acreditam que me ensinaram tudo o que puderam e mais um pouco,
fiquem tranquilos... Tenham paciência, pois eu não sou um estranho, e menos
ainda... Estranho
Senhora, eu sinto muito
por não conseguir fazer o café no ponto em que você gosta.
Senhor, eu peço que me
desculpe por não ter o emprego que você idealiza para mim.
Vô,
Vó.
Faz algum tempo que
passei da puberdade e outro tempo mais que deixei de ser criança.
Vó,
Vô.
Eu... Já tô na
faculdade!
quarta-feira, 3 de julho de 2013
Suplício de um coração doente
Está presa na garganta,
e eu
Esqueci-me de avisar.
Tranquei as portas, e o
choro
Está preso.
E os olhos, estão
secos.
E a mágoa...
Fria como um prato de
sopa,
Que ninguém ousa tocar!
A chave está perdida.
Atirei-a com todas as
forças,
No deserto mais
inóspito que conheço,
Com pesar, e lástima,
Seu coração.
Minha vida passa e
atropela,
Feito trem
descarrilado,
Meus anseios e sonhos
de rapaz casto.
Enquanto sua genitália
continua
A implorar, por canalhas
Que a possuam.
E quando penso sobre
tudo,
Todas as promessas
feitas,
A casa, nós dois na
varanda,
Os filhos no jardim,
E o sorriso em nossos
lábios
Contemplando a beleza
da cena,
Lembro também da vida
Clandestina, do amor
Não correspondido e da
mentira
Que resseca a boca e
prende
A angústia... Na
garganta.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Frágeis Brinquedos
Crianças brincavam à
beira da calçada, e a três passos estava à estrada que tremia com o passar dos
carros, ônibus, caminhões... Pedestres e ou mesmo bicicletantes não se
atreviam, nunca se aventuraram por entre as buzinas vorazes, ferozes, mortas de
desejos por sangue nos para-brisas. E aconteceu, a desgraça!
Num átimo de segundo, o
menininho que montava um velocípede descontrolou-se e entrou no caos da
estrada, alimentando a esperança dos automóveis de alimentarem as estatísticas.
Tive que fazer uma prece aos céus, apelar pela misericórdia do pai celeste,
mas, não tive ânimo para dobrar os joelhos e apenas cobri o rosto com as
mãos, espreitando por entre os dedos e agonizando em desespero.
No meio da prece fiquei
admirado, o pai do coitado, estava sentado numa cadeira de balanços observando
a desventura do filho. Não se levantou tarde, não se levantou nunca... E os
automóveis, as estatísticas se banquetearam.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Mundo Amarrotado
Desde quando o mundo
está perdido?
Ou faz tempo, absurdo,
que penso,
Ou me perdi na curva,
absurda, do pensamento.
Da perdição.
Quem sabe eu não... Eu
não saiba, a resposta.
E não posso exigir da
memória
Mais que o regresso ao
ano de
Mil novecentos e
noventa e três.
Ano que nasci.
Mas aposto que bem
antes disso o mundo
Já estava perdido.
As pessoas já estavam
desenganadas.
A vida terrena foi dada
como morta.
Dois mil e dois chegou,
e... Passou...
O fim se aproximara,
mas quando nos viu de perto.
Não se atreveu a
entrar.
As pessoas eram hostis,
nada acolhedoras.
Foi-se embora.
Prometeu voltar
recentemente
Mas também não se
atreveu,
Os produtores
cinematográficos
Embelezaram de mais a
maneira como aconteceria
E então, o fim não se
atreveu.
Teve medo de não
corresponder às expectativas.
Voltou para órbita, para
o espaço.
Ficou nos observando. E
viu:
Viu mãos que matam
Cérebros grandes
Seres que mentem
Máquinas imensas
Ganância
Engenhosidade
Deuses brincando de construir,
Destruindo o que Deus
criou!
Não sabe se volta.
Acho que não volta.
Que tragédia
Que lástima!
Percebeu que não
precisaria acabar conosco,
Que já estamos de luto!
terça-feira, 30 de abril de 2013
Serpentes
Era esperta, uma cobra,
persuasiva e perigosa. Veio sensualizando, sussurrando em meu ouvido e querendo
chupar meu pênis. Promíscua! Queria mesmo era me manipular para encontrar
respostas, descobrir segredos, desvendar mistérios, destruir vidas. Cismado que
sou, percebi sua intenção antes que me rendesse ao desejo. Se fosse por
instinto e não medisse a razão daria a ela exatamente o que queria.
Ela continuou subindo
em cima de mim, tentando me masturbar, e me disse que nunca eu encontraria uma
língua tão hábil quanto à dela, ou útero tão quente. Não aguentei, e agora que
havia racionalizado tudo, me rendi. Gozei como nunca, tremi, e urrei como urso.
E ela ficou esperando o troco, que eu lhe contasse o segredo, mas eu
simplesmente subi a calça, vesti a camisa, calcei o tênis e saí.
Ouvi-a me acusar de
guardião de memórias e me atribuir outros sinônimos mais. Tinha uma boca bem
porca, mas, no final das contas não era tão perigosa, nem esperta quanto
pensei. Melhor que ninguém deveria saber que é da natureza do homem agir por
conveniência, ser manipulador e persuasivo, tal qual a cobra.
segunda-feira, 29 de abril de 2013
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Contando estrelas
E ficou ali parado, olhando o céu, de noite, no sereno, na companhia de si mesmo. Despedindo-se do domingo. Capaz que havia contado estrelas. Tinha uma verruga no dedo!
sábado, 20 de abril de 2013
Abandono
E fiquei
esperando no banco da praça enquanto papai sumia na esquina. Disse que voltaria
logo, só iria ali comprar cigarro, pra ele, pão e leite pra mamãe e eu.
Era à tardinha e
um belo crepúsculo enfeitava o céu. Misturei-me
às cores, e não sei, não sei se anoiteceu ou se fui eu quem fechou os olhos e
acabou por adormecer. Só sei que uma mão me sacudiu, então, despertei. O rosto
não me era familiar, um estranho, não restou dúvidas. Ele só quis me alertar
dos perigos que circulavam a praça enquanto noite, depois foi embora, e eu
também, é que papai não voltou.
Tive que
amadurecer depressa para comprar leite e pão para mamãe e eu, ou a vida me
atropelaria. Mamãe coitada estava ainda mais enferma. Eu quase não dormia, só
fazendo bicos pro gasto dos remédios. E todos os dias era a mesma peleja, mas,
sempre passava por aquela praça. Um dia vi o homem que sumiu na esquina, fui
até lá e ele me pediu cigarro.Atendi seu pedido. Depois disso, nunca mais o vi,
deve ter morrido de câncer, perecido num banco de praça qualquer.
Não guardo
rancores, ao menos me deu um presente; Fez-me contemplar um dos mais belos
crepúsculos que vi na vida!
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Gente Hipócrita
O mundo está sofrendo
com overdose de hipocrisia. Filho avisa sua mãe, beata, que seu pai come sua
tia, mas fala pra ela não fazer muito alarde. É que se não o caso dela com o
padre lá da igreja, aquele mesmo, que os fez jurar na alegria e na tristeza, na
saúde e na doença, esses votos de casamento, vem à tona!
Menino, se isso
estoura... Vai envolver a paróquia, vai virar manchete de jornal, e vai ser
caso de polícia. É que ele andou furtando!
Mas isso será o de
menos. Haverá explicação.
Estava juntando um
dinheiro para comprar um lugar melhor no céu pros seus irmãos e irmãs.
Só quero é ver como ele
vai explicar pro seu pai, o prefeito, que abriu mão do celibato em prol de
perpetuar sua espécie. Espécie fajuta, mesquinha, hipócrita!
Se bem que pensando
bem, também não terá problema!
Ele tem o prefeito nas
mãos. Causo antigo. Uma fraude na prefeitura.
A velha história de
Clero e Nobreza. Lembra-se disso? Não?
Verdade, não lembra.
Esqueci que sua professora de história era uma gostosona que vivia se
insinuando pra você.
Não te culpo, não pode
segurar e traçou mesmo.
Afinal de contas, esqueci-me
de contar que você é filho do padre.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Espetáculo
Tinha um corpo inchado.
Na cara um marrom
desbotado
e uma lágrima
pintada de azul.
No canto dos
lábios, vermelho!
Franzia o cenho
amaçado,
e mordia, ficava
enrugado, ficava vermelho.
Dava pirueta,
fazia um rodeio...
um rodeio, um
rodeio...
de pés nos chão,
como se fosse um peão.
Em uma das mãos um
cordão,
noutra punha uma
luva de boxe.
Quem sabe queria
amarrar,
e prender, e
laçar, ou,
matar, sua plateia,
espetacular,
de rir.
E no centro do
picadeiro,
o cara inchado
continuava.
Brincava, corria,
pulava, rodava e gritava;
_Eu sou um
palhaço.
Mas ao final do
espetáculo,
quando as cortinas
em fim se fechavam,
por detrás da lona
turvada, a lágrima azul desbotada
caia e sumia!
O cenho vermelho,
desaparecia, sumia...
a alegria!
E o vermelho do
lábio era sangue, que agonia!
Quantas marcas
trajava? Quantas cicatrizes a tinta cobria?
Disfarçava o cenho
sofrido. Magia,
de quem era mesmo
um peão.
Enquanto girava, a
luva de boxe nas mãos
mostrava que o
palhaço era também guerreiro.
Sabia viver sem
enlouquecer com o mundão.
E a plateia lá
fora, eufórica, impressionada,
sorria, só ria e
esperava
Enquanto o palhaço
pintava seu rosto
de tinta e voltava
para o picadeiro
e brilhava...
Tendo às mãos um cordão e
suas luvas de
boxe. Acrescentando à sua vida dupla
mais um capítulo
de sua história!
sábado, 26 de janeiro de 2013
Cura
É veneno, o poder é veneno,
entorpece,
os homens são pequenos.
O rifle do inimigo,
um abraço do irmão
é veneno. Extinção!
Quero cura, quero jura
palavra cumprida e prece aos céus!
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Por qual porta?
Tantos precipícios, tantos espinhos me cercam, e tento com tudo que tenho erguer uma ponte para chegar ao outro lado e tomar a água do rio. Minha garganta tão seca quanto deserto, por engolir as palavras que seriam os tijolos mais eficientes da ponte. Mas sobre essa base talvez não passe pois é de sangue que precisa para se firmar. Sangue de outros. Outros que dizem me amar, e acreditam cuidar da maneira certa. Pensamento certo, medidas erradas. E esse rebelde sem causa, se esconde atrás de uma máscara por tentar ser o estereótipo adequado. Serei eu o culpado das coisas, e influente das causas?! Por que tão cedo me arrancaram a essência de criança que tão breve maduro, e para muitos, já podre, sou, por não ter consciência dos meus feitos, dos meus atos. Pensei que fosse lógico, mas são poucos os que decifram hieroglifos. Não me restaram janelas. Por portas não passo, mas quem sabe uma dia dessas palavras... me desfaço.
domingo, 13 de janeiro de 2013
Carta à noite
Dormiu durante o dia inteiro. À noite, foi se apegar ao diário. Em sua casa não cultuavam o hábito do diálogo, então, lhe restavam lápis e papel.
E Pedro escreveu;
É noite, e descobri que não me assusta. Ilusão talvez...
Mais que isso. Me alivia os pesadelos, enquanto fujo do sono, e dúvidas, da vida. Angústias, mágoas do ser que em ainda desconheço.
Em meu interior, não sei se há besta fera,
ou anjo de luz. Em qualquer que seja a condição, só preciso que passe, como estação, como fase de lua.
No cerne de minh'alma sinto que a necessidade nem sempre fala tão mais alto que as expectativas depositadas em meu ombros. Objetivos dos pais que, como quaisquer outros, esperam o melhor de seus filhos. Essa preocupação, negação, quanto ao medo, quanto ao tempo, desestabiliza as bases das quais me guiam a razão, e solidifica as incertezas!
Se não me amedronta, a noite, é porque faço parte, ainda estou no escuro. Não sei se espero que amanheça, mas, caso aconteça, que o dia não me assuste, tal qual esta.
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